O medo e a fobia: manifestações diferentes?

O medo e a fobia são nomes diferentes que indicam manifestações distintas do nosso funcionamento psicológico. Apesar de grandes confusões acerca do uso destas palavras, a sua diferenciação não é complicada.

Medo é um sentimento inerente ao ser humano e importante para a preservação da vida. Ao sentirmos medo podemos nos preparar para lidar com alguém, objeto ou situação que exija um maior empenho para conseguirmos alcançar a meta desejada.
Por exemplo, se uma pessoa sente medo de sair de casa (por poder ser assaltada), mas assim mesmo o faz, tomando medidas para o “teste do medo” (ex.: levar pouco dinheiro, apenas um documento, carregar a bolsa junto ao corpo, analisar o local de saída e o melhor horário, etc.), ela pode enfrentar a situação temida e ampliar cada vez mais as possibilidades de circulação pelo mais variados espaços.
Já a fobia é uma doença e indica um grau elevado de medo, podendo ser irracional (ex.: medo de penas de galinha), que impede que a pessoa entre em contato com o objeto (ex.: agulhas), seres (ex.: cobras) ou situação temida (ex.: andar de avião). Assim, a fobia pode apresentar as seguintes características: A) desproporção entre a emoção sentida e o animal/situação/objeto gerador; B) medo excessivo sem uma fundamentação racional; C) dificuldade do controle do medo; D) tendência à esquivar-se do “elemento fóbico”.
Por exemplo, uma pessoa que tem fobia de falar em público pode passar anos, ou nunca realizar a apresentação do seu trabalho para os colegas, deixando a sua vida profissional, acadêmica e social restrita.
De modo geral, podemos dividir a fobia em três modalidades:

  • Agorafobia – medo de ambientes onde possa ser difícil escapar do desconforto (ex.: ficar numa fila, estádios, praças, centro comerciais cheios, etc.).
  • Fobias Específicas – ocorre quando o medo excessivo manifesta-se sempre na presença (imaginada, figurativa ou real) do “elemento fóbico” (ex.: clausura, aranha, avião, altura, dirigir, elevador).
  • Fobia Social – medo de realizar um comportamento inadequado e ser avaliado negativamente por outros (ex.: assinar cheque, conversar, alimentar-se, etc.).

Assim, o medo é um sentimento que pode nos auxiliar (desde que saibamos lidar com ele) a preservar a nossa vida, a ampliar o nosso espaço de circulação, a crescermos no decorrer dos enfrentamos com ele.
Já a fobia é uma psicopatologia que pode restringir a nossa circulação, fazendo com que deixemos de realizar novas conquistas, podendo causar outras patologias (comorbidades) como a depressão, ansiedade, pânico, etc. E assim, merece tratamento, para que não venha a impedir que a pessoa fóbica entre em um “circulo vicioso” de redução do seu espaço de vida e saúde.


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